segunda-feira, 26 de junho de 2017

LIÇÃO 3 CARACTERÍSTICAS DA ESPIRITUALIDADE PENTECOSTAL (Pr. Enéas Ribeiro)



         Introdução
A forma de alguém expressar sua crença e se relacionar com o sagrado é chamado espiritualidade. Cada seguimento cristão possui sua espiritualidade, mas nenhum grupo da cristandade manifesta uma espiritualidade mais vibrante e relevante do que o Movimento Pentecostal, e em especial a Igreja de Deus em Cristo. O pentecostalismo resgatou a ênfase na obra do Espírito Santo na Igreja, tanto em sua operação interior (no coração), quanto na exterior (no ministério). Destacamos aqui pelo menos cinco aspectos característicos da espiritualidade pentecostal.

1.     ANELO E BUSCA POR VIDA PIEDOSA

Desde os seus primórdios, a Igreja de Deus em Cristo tem primado pela vida santificada e a separação da contaminação do mundo. Esta é uma característica imutável do pentecostalismo que nasceu á partir do Metodismo e do Movimento de Santidade norte-americano.
A melhor palavra bíblica para expressar a verdadeira religiosidade e espiritualidade, é piedade. Um verdadeiro pentecostal não atribui a obra da santificação exclusivamente ao Espírito Santo, mas ele mesmo se santifica (Hb 12:14), exercitando sua piedade (1 Tm 4:7-8). Nossa crença equilibradamente arminiana, nos condiciona a uma constante busca pela santidade e santificação. E sabemos que a mesma é uma obra primariamente do Espirito de Deus, mas com nossa participação através do atributo livre arbítrio. Não nos amoldamos aos valores deste mundo (Rm 12:2) caído (1 Jo 2:15-17), mas rumamos para a perfeição (Mt 5:48).

2.     OS CARISMAS NA EXPERIÊNCIA COTIDIANA

Outras denominações não pentecostais têm aderido à obra do Espírito concernente aos dons, dando liberdade para alguns privilegiados fluam nestes dons. A verdadeira igreja pentecostal não é assim, nela, todos participam da operação sobrenatural do Espírito. Não existe um “monopólio” da unção por parte de líderes espirituais, fazendo separação entre “clérigos e leigos” neste quesito. Tão pouco, essas manifestações estão restritas à liturgia ou ao momento do culto. Uma genuína igreja pentecostal equipa os santos para a obra do ministério (Ef 4:11-13), e os prepara e ativa (2 Tm 1:6) para exercer os dons espirituais em seu contexto social, nos ambientes acadêmico, profissional e familiar. Pentecostais profetizam, curam e libertam em qualquer lugar, não só no templo. (At 3:1-8; 9:32-34; 36-42; 14:8-10; 16:16-18).

3.     ELEMENTOS EXTÁTICOS NO CULTO

Pentecostes trouxe consigo a transcendência do culto, ou seja, o elemento místico foi resgatado. A experiência pentecostal vai além da razão, pois, apesar de reconhecermos que o culto é racional (Rm 12:1), também asseveramos que ele não está destituído do elemento emocional que é parte da natureza humana. Apesar de o espírito humano lhe estar sujeito à razão (1 Co 14:32), a experiência pentecostal nos concede a ferramenta para experimentarmos deliberadamente o êxtase: “Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto.” (1 Co 14:14). Não há dúvidas de que tanto na Antiga Aliança, quanto na Nova Aliança, este elemento extático está presente e tem validade doutrinária (Nm 24:4, 14; 1 Sm 10:10-11; At 10:10; 11:5). A diferença básica do êxtase é que no A.T. o Espírito de Deus se revelava soberanamente à alma humana, pois seu espírito estava morto na realidade do Pecado, já no N.T. o êxtase acontece pela obra direta do Espírito Santo no novo espírito recriado e vivo dos filhos de Deus, através da piedade devocional de orações, louvores, jejuns... (ler textos acima). Mas é importante ressaltar que a Bíblia não orienta a busca do êxtase, e em ambos os casos, é sempre uma concessão soberana de Deus.
Jamais se trata de uma “possessão”, como se dá na obra de demônios; pois Nosso Senhor não viola o livre arbítrio e é gentil em propor. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” (Ap 3:20)
No culto pentecostal, há normalmente um nível de êxtase experimentado pelos adoradores mais contemplativos e/ou emotivos. Isto produz as manifestações de reação à presença do Espírito Santo, como dançar, correr, pular, cair, realizar movimentos extravagantes, produzir sons diferentes... Nada disso é um tropeço para a obra do Espírito, desde que regulados pela Escritura e pelo bom senso (1 Co 14:40). Aliás, na história dos reavivamentos, extremos dessas manifestações estavam sempre presentes, e eram chamados pelos mais conservadores de “defeitos do avivamento”. John Wesley por exemplo orou dizendo: Senhor, manda-nos o antigo avivamento sem seus defeitos; mas, se não for possível, manda-o de volta com todos os seus defeitos. Precisamos de um avivamento!
O Movimento Pentecostal veio como mais do que uma alternativa denominacional, mas sim como uma resposta à orações como as de Wesley.

4.     A NATUREZA PROFÉTICA DESSA ESPIRITUALIDADE

Uma das mais importantes e relevantes manifestações restauradas no pentecostalismo foi o dom de profetizar, que embora não se trata apenas da pregação da Palavra e nunca houvesse sido extinto como dizem os cessacionistas, apareceu esporadicamente ao longo dos séculos após o terceiro século da Igreja.
Na espiritualidade pentecostal, o dom da profecia não está restrito ao clero, nem tão pouco ao templo. O verdadeiro pentecostal é sempre um vaso disponível para ser a boca de Deus para o próximo, e reconhece que a vontade de Deus é que todos profetizem (Nm 11:29; 1 Co 14:5). No entanto é importante reconhecer que nem todo aquele que profetiza é um profeta de ofício (Ef 4:11), mas todo profeta possui o dom de profecia (At 11:28; 21:10).
Profetizar é mais do que explanar as Escrituras, é uma ação sobrenatural do Espírito Santo que inspira homens, mulheres e até crianças a falar de forma inteligível o que está na mente de Deus. É um “borbulhar” espontâneo e espiritual de verdades divinas para uma pessoa ou para um grupo, neste segundo caso, a profecia ser proferida por um indivíduo de cada vez (1 Co 14:31).
O povo pentecostal leva muito à sério a necessidade de buscar este dom para a edificação da Igreja, e a isto Paulo exorta a fazer com zelo: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar... Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar...” (1 Co 14:1, 39).

         Conclusão
Piedade, dons, êxtase, profecia... A espiritualidade pentecostal está cheia de riqueza divina, que deve ser devidamente compreendida para não ser elemento de escárnio ou de descrença. Precisamos boicotar qualquer forma de chocarrice (Ef 5:4) na imitação deliberada de nossa rica e santa espiritualidade. Aquilo que é santo não pode ser irresponsavelmente profanado, e disto devemos como genuínos pentecostais clássicos, ser vigias fervorosos.
A espiritualidade pentecostal é melhor resposta para uma cristandade seca e meramente teórica.

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