Este é um tempo muito especial para a maior denominação pentecostal do
planeta,aqui no Brasil, é nosso 27º aniversário. A COGIC, Church Of God In
Christ, em português: IGREJA DE DEUS EM CRISTO, tem vivenciado nos
últimos quatro anos (desde 2009) extraordinária projeção nos meios modernos de
comunicação, especialmente nas redes sociais. A Igreja afro-americana que
chegou no Brasil em 1986 através dos saudosos Pastor Rubens dos Santos e do
Bispo Samuel Moore, gastou seus primeiros anos em consolidação histórica e
aperfeiçoamento das lideranças. Hoje, sob a liderança episcopal do Bispo
Terrence Rhone, a COGIC desponta no cenário evangélico nacional como uma das
maiores forças, especialmente entre os jovens, que encontram na eletrizante
musicalidade gospel de raíz, uma opção poderosa para se envolver nos
ministérios de música através dos sensacionais corais e grupos de louvor ao
velho estilo afro-americano.
A Igreja de Deus em Cristo foi a primeira denominação pentecostal
oficial originária do lendário Movimento Pentecostal nascido na Rua Azuza, 318
em Los Angeles. Foi também a primeira denominação pentecostal a credenciar
ministros e abrir congregações de acordo com as leis federais. Fundada em 1897
como uma denominação clássica da santidade, e reorganizada em 1907, quando seu
líder, o Bispo Charles Harrison Mason recebeu a experiência pentecostal do
falar em línguas pelo ministério do Reverendo William Seymour, a Igreja de Deus
em Cristo teve participação crucial na formação sócio-política dos Estados
Unidos da América; e como denominação predominantemente negra, foi decisiva na
questão racial americana. Foi no Templo Mason da COGIC, que o pastor e ativista
pelos direitos civis dos negros, Martin Luther King Jr. Pregou seu último
sermão: “Eu estive no monte e vi a terra prometida”. Foi num templo da COGIC
que velaram o corpo do outro ativista negro, Malcoln X.
Mais de trezentos pastores e ministros brancos se uniram à COGIC por uma
óbvia conveniência, para adquirirem suas licenças federais para pregar e abrir
igrejas. Não suportando a pressão racial, os mesmos trezentos pastores e
ministros deixaram a COGIC, e em 1914, convocaram uma assembleia geral de ministros
brancos em Hot Springs para tratarem de seu futuro como líderes pentecostais;
foi nesta convocação que deram início à assembleia de Deus, nome que, aliás,
surgiu nesta ocasião pela primeira vez, e veio a servir de inspiração no Brasil
para a reorganização em Belém do Pará da Missão da Fé Apostólica, que, quatro
anos depois, em 1918, passou a chamar Assembleia de Deus. Assim, se queremos
ser justos e precisos ao honrar a história, precisamos considerar e lembrar que
a querida Assembleia de Deus é a filha mais ilustre da COGIC, além de outras
pentecostais como: A Igreja do Evangelho Quadrangular, a Igreja do Nazareno e a
Igreja de Deus.
A COGIC no Brasil, ou Jurisdição do Brasil, liderada pelo Bispo Terrence
Rhone, está distribuída hoje em doze distritos: COGIC1, Superintendente Aldo
Bezerra; COGIC2, Superintendente Robson Paiva; COGIC3, Superintendente Ivo
Mariano; COGIC4, Superintendente Gerson Venâncio; COGIC5, Superintendente
Terrence Merrit; COGIC6, Superintendente Sérgio Melo; COGIC7, Superintendente Ronaldo
Nascimento; COGIC8, Superintendente Aldair Rodrigues; COGIC9, Superintendente
Paulo Assis; COGIC10, Superintendente Eneas Francisco; COGIC11, Superintendente
Nelson Pena; e COGIC12, Superintendente Ismael Pereira. Estes distritos
distribuídos em três regionais: Regional 1, Supervisor Robson Paiva, Regional
2, Supervisor Ivo Mariano, e Regional 3, Supervisor Ronaldo Nascimento.
O grande diferencial da Igreja de Deus em Cristo é sua liturgia singular
de culto e sua teologia pentecostal sólida e centralizada na Santidade e
Santificação. A música e a pregação fervorosa também têm sido os fatores de
maior crescimento da COGIC.
Muitas denominações históricas têm promovido a cultura COGIC (uns
inocentemente e outros deliberadamente) incorporando em seu repertório musical
a o estilo exclusivamente COGIC. Podemos fazer menção de alguns cantores e
corais importantes que ajudaram a disseminar esta musicalidade, preparando o
caminho para esta explosão da Igreja de Deus em Cristo em nosso país, dentre
eles, Álvaro Tito, Matos Nascimento, Marquinhos Gomes, Priscila Angel, Soraia
Moraes, grupos Grove Soul, Templo Soul, Kades Singers, além do popular Raíz
Coral. No primeiro semestre de 2012, a grande Catedral das Assembleias de Deus
do Brás, promoveu de maneira estrondosa nossa cultura musical, ao realizar grandes
shows com dois nomes familiares para nós: Kirck Franklin e Donny Mcklurkin.
Nesta ocasião, foi mencionado o nome do nosso querido Coral Resgate pelo Pastor
Samuel Ferreira, que proferiu publicamente: “Eles são de uma tal de COGIC”. É
irônico não sabermos o nome de nossa mãe, mas isto se deve a uma omissão
histórica, talvez gerada por perda de informações preciosas ao longo das
décadas. Hoje, há inúmeros corais no estilo COGIC dentro de denominações
pentecostais, dentre os quais podemos citar o jovem coral Voices Soul, e outros
que estão surgindo todos os dias honrando de alguma forma a identidade musical
da Igreja de Deus em Cristo.
Vale a pena relatar que dentre os financiadores da viagem missionária
dos apóstolos suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, estava o Bispo Charles
Mason, presidente da COGIC. É tempo de honrar a história!
Sim, a cultura musical COGIC é absolutamente inconfundível e
contagiante. A Igreja das palmas, a igreja da dança, a igreja do pentecostes
primitivo de Azuza. Os teólogos tradicionais mais conservadores classificam a
COGIC não como pentecostal, mas como “ultra-pentecostal”, atribuindo este
título de maneira pejorativa é claro, pois a extravagância na adoração, e a
impetuosidade na pregação são marcas inegociáveis da Igreja de Deus em Cristo.
A pregação na COGIC é algo glorioso! Os ministros que cultivam de fato a
oratória melódica e veemente dos antigos pregadores da Santidade do Sul dos
Estados Unidos do início do século XX, dão ao culto uma expressão poderosa da
ação do Espírito na liturgia. Ao som da pentatônica do Hamond os pregadores
apoiados pelos músicos exortam e edificam a congregação num ritmo poderoso e
inflamado pelo fogo pentecostal.
DISTINTIVOS LITURGICOS DA COGIC
O estilo da adoração e da musicalidade na Igreja de Deus em Cristo nos
remete a épocas da história norte-americana que ajudaram a dar forma ao que
conhecemos como música gospel. Para entendermos com clareza a adoração e
musicalidade da Igreja de Deus em Cristo, é necessário voltarmos um pouco à
realidade dos escravos que trabalhavam nos campos de algodão nos séculos XV e
XVI, que emprestaram às gerações futuras sua melodia e sentimento. A Igreja de
Deus em Cristo teve o privilégio de ver nascer figuras da música gospel que
seriam únicas em sua contribuição para a denominação e reconhecimento fora
dela. Dentre elas, talvez a mais aclamada e que deixou um legado ainda vivo e
atuante no conceito musical e que se expande para outras áreas do ministério –
Dra. Mattie Moss Clark (1925-1944) – suas filhas Twinkie, Dorinda, Jackie e
Karen Clark. Dra. Clark é conhecida como responsável por criar a harmonia em
três vozes nos corais: soprano, contralto e tenor, o que ainda prevalece até o
dia de hoje em todos os corais americanos.
A adoração na Igreja de Deus em Cristo exerce um papel fundamental na
preparação da atmosfera do culto para a pregação da palavra e visita do
Espírito Santo. No aspecto geral, é responsável por aberturas de cultos,
seguidos de apresentação do coral, solo sermônico, dentre outras participações.
A musicalidade da igreja é visível e inquestionável na vida dos músicos
instrumentistas, que atuam do começo ao fim do culto, e revela a COGIC como uma
das maiores escolas de músicos da atualidade.
Sendo uma igreja tradicionalmente pentecostal é
muito comum encontrarmos na Igreja de Deus em Cristo pregadores que são de
terceira ou até mesmo quarta geração na igreja, e, por sua vez, aprenderam e
desenvolveram seu estilo de pregação, vendo seus pais e pastores desde
criança pregarem uma mensagem viva e fervorosa.
Ainda no Avivamento da Rua Azusa era comum o Espírito Santo guiar o líder do culto para informar um irmão, segundos antes, que era ele quem devia trazer o sermão. O que depois do derramar do Espírito Santo, tornou-se em, além de atividade sagrada, um estilo de arte.
O fervor vem sem dúvidas, da vida do Espírito que fora derramada sobre o pregador, mas a melodia vem certamente da influência da escravidão, da musicalidade particular dos negros o que se tornou um estilo não somente na Igreja de Deus em Cristo – apesar de ser uma das mais tradicionais desde seus dias pós avivamento – mas em muitas outras igrejas e denominações pentecostais norte-americanas, dentre elas algumas brancas.
A pregação na Igreja de Deus em Cristo é vista como a parte principal do culto, quando Deus fala. O pregador prepara seu sermão, mas já está claro desde o início da mensagem que o fim dela pode exigir o que a história chama de chamada-e-resposta nas igrejas de origem negra. O pregador não somente prega para o público, como o faz juntamente com ele. Ouvir palavras de apoio da congregação, tais como, “prega!”, “sim, sim”, “ajuda, Senhor”, dentre muitos outros, não são de se admirar.
Ainda no Avivamento da Rua Azusa era comum o Espírito Santo guiar o líder do culto para informar um irmão, segundos antes, que era ele quem devia trazer o sermão. O que depois do derramar do Espírito Santo, tornou-se em, além de atividade sagrada, um estilo de arte.
O fervor vem sem dúvidas, da vida do Espírito que fora derramada sobre o pregador, mas a melodia vem certamente da influência da escravidão, da musicalidade particular dos negros o que se tornou um estilo não somente na Igreja de Deus em Cristo – apesar de ser uma das mais tradicionais desde seus dias pós avivamento – mas em muitas outras igrejas e denominações pentecostais norte-americanas, dentre elas algumas brancas.
A pregação na Igreja de Deus em Cristo é vista como a parte principal do culto, quando Deus fala. O pregador prepara seu sermão, mas já está claro desde o início da mensagem que o fim dela pode exigir o que a história chama de chamada-e-resposta nas igrejas de origem negra. O pregador não somente prega para o público, como o faz juntamente com ele. Ouvir palavras de apoio da congregação, tais como, “prega!”, “sim, sim”, “ajuda, Senhor”, dentre muitos outros, não são de se admirar.
Concernente à melodia, o pregador da Igreja de Deus em Cristo, muitas
vezes até sem o devido conhecimento musical, trás uma bagagem cultural que de
forma natural o leva a ser repetitivo em frases de efeito, construído sobre o
hemistíquio (cada metade de um verso, separada pela cesura, normalmente
associado a versos longos) sua rítmica de pregação, usando o que musicalmente
se conhece como escala pentatônica, que é a base para grande parte dos estilos
musicais de origem negra, como o blues e o gospel. O pregador constrói
sua mensagem com introdução, exemplos, interação com o público, e geralmente,
uma conclusão com que chamam de whoop (brado, grito,
exclamação), que geralmente se faz acompanhar de melodias construídas com a
escala pentatônica, acompanhado por um bom organista.
A COGIC no Brasil se reúne, assim como nos Estados Unidos, em dois
grandes eventos: A Santa Convocação Jurisdicional e a Conferência AIM. A Santa
Convocação, sob a direção do Bispo Jurisdicional Terrence Rhone e sua
diretoria, reúne toda a Igreja de Deus em Cristo no país para celebrar sua
unidade, e a AIM (Auxiliares In Ministrie) Auxiliares no Ministério, é a
Conferência de Treinamento das lideranças nos cinco Departamentos principais da
COGIC: MÚSICA, EVANGELISMO, MISSÕES, ESCOLA DOMINICAL e JUVENTUDE. No Brasil
estes departamentos estão atualmente sob a liderança dos seguintes irmãos:
MÚSICA, Missionária Jéssica Augusto; EVANGELISMO, Pastor Enéas Ribeiro;
MISSÕES, Presbítero Adriano Cunha; ESCOLA DOMINICAL, Missionária Maria
Aparecida; e JUVENTUDE, Pastor Márcio.
Você deve estar inquieto com a declaração do início desta postagem de
que a COGIC é a maior denominação pentecostal do planeta. Esta é uma informação
precisa. Indubitavelmente, a Assembléia de Deus é, segundo o historiador
eclesiástico Vinson Synan (livro: O Século do Espírito Santo, Editora VIDA), a
maior e mais conhecida “comunidade pentecostal” do mundo com 35 milhões
de membros no mundo, embora, o mesmo Vinson Synan declare que hoje,
a igreja de Deus em Cristo é a maior denominação pentecostal existente e a
igreja que mais cresce. A diferença está nas terminologias aplicadas a
ambos os seguimentos: A Assembléia de Deus é a maior como ‘comunidade
pentecostal’ e a Igreja de Deus em Cristo é a maior como ‘denominação
pentecostal’ histórica. Comunidades Pentecostais possuem inúmeras ramificações
dissidentes, mas uma denominação possui uma unidade eclesiástica legitimamente
episcopal, ou seja, embora a AD como denominação seja realmente grande, ela
está fragmentada por políticas administrativas diversas que formam blocos
convencionais, já a COGIC não possui essa pluralidade administrativa e de
lideranças. Embora nos Estados Unidos a COGIC (6 milhões) seja duas vezes maior
do que a AD (3 milhões), no Brasil a COGIC começou sua ascensão nos últimos
três anos, especialmente através do crescimento explosivo da musicalidade afro-americana
por aqui como já dissemos. Mas a história mundial de sucesso e avivamento de
ambas as denominações, deve ser um motivo para sua unidade, não como
instituições, mas como partes cruciais do corpo de Cristo em nossos dias e
detentores do poderoso legado pentecostal.
A história da Igreja de Deus em Cristo é peculiar devido a fatos que
impactaram e até mesmo modelaram o cristianismo norte-americano e que ainda
exerce grande influência sobre aquele país. No século 19, o movimento da
santidade se destacava como conseqüência do trabalho da doutrina metodista,
pela ênfase na doutrina wesleyana da perfeição cristã, que cria ser possível
viver uma vida livre do pecado voluntário, o que era uma segunda obra da graça.
Foi sob este ensinamento que as ‘igrejas da santidade’ foram formadas no início
do século 19. Dentre elas, a Igreja de Deus (Santidade), Igreja Evangélica
Metodista e é claro, a Igreja de Deus em Cristo. O Bispo Mason e o Bispo C.P.
Jones foram responsáveis pela controvérsia da santidade, ao introduzirem a
forma doutrinária calvinista na igreja batista negra (leia-se, formada por
negros), a doutrina perfeccionista wesleyana da santificação, o que certamente
causou muitos conflitos. O encontro de Charles Mason com C.P. Jones, Elder J.E.
Jeter e Elder W. S. Pleasant em 1895 foi o início de um relacionamento que
mudaria a história da igreja americana. Juntos estes homens realizaram um
avivamento em 1896 que causaram um grande impacto na cidade de Jackson,
Mississippi. Muitas pessoas se converteram, foram curadas e santificadas pelo
ensino do Bispo Mason. Mas este impacto soou negativo para a associação batista
que fechou suas portas para Bispo Mason e seus companheiros. Em 1897, Bispo
Mason foi forçado a pregar seu sermão na entrada sul do tribunal de justiça, o
que tocou o coração do Sr. John Lee, que ofereceu a sala de sua casa para a
reunião seguinte. Mas por causa do grande número de pessoas que compareceram, o
Sr. Watson, dono de um depósito abandonado, permitiu a transferência da reunião
para o prédio onde desencaroçavam o algodão, às margens dum pequeno riacho.
Este local se tornou o local de reunião da Igreja de Deus em Cristo, a partir
de onde o grupo se organizou com o propósito de enfatizar a doutrina da
santificação através do derramar do Espírito Santo.
É impossível desvincular a história da Igreja de Deus em Cristo da
história de Charles Mason. Ele nasceu em 8 de Setembro de 1866 na Fazenda
Prior, norte de Memphis. Seus pais eram Jerry e Eliza Mason, ex-escravos e
membros devotos da Igreja Batista Missionária. A mãe de Mason orava
ferventemente para por seu filho, para que ele fosse dedicado a Deus. Quando
menino, Charles orava com sua mãe para que eles tivessem acima de tudo, uma
religião como aquela que os velhos escravos demonstravam em suas vidas. Esta
fome pelo Deus de seus ascendentes fundamentou a dinâmica de sua vida. Charles
tinha doze anos quando a epidemia de febre amarela surgiu e levou a vida de seu
pai. Durante estes dias de temor e dificuldades, o jovem Mason trabalhava
muito, com poucas chances de estudar. Em 1880, febre e calafrio atacaram a
saúde de Mason, o que causou grande temor no coração de sua mãe. Todavia,
milagrosamente ele foi curado no primeiro domingo de Setembro de 1880. Junto
com sua mãe, ia à Igreja Batista M. Olive, onde ele foi batizado por seu
meio-irmão, Ver. I.S. Nelson, numa atmosfera de louvor e ações de graças. Aos
25 anos de idade, ele deixou um pouco o ministério integral para se casar com
Alice Saxton, filha da melhor amiga de sua mãe. Alice com muita amargura lutou
contra seus planos ministeriais e se divorciaram após dois anos. Mason ficou
desesperado e triste e por muitas vezes, satanás o tentava, para que tirasse
sua própria vida. Ele permaneceu solteiro, até a morte de Alice Saxton. Em
1893, com 27 anos, ele entrou na Faculdade Batista do Arkansas, fundada por
Elias Morris, pastor da Igreja Batista Centenária em Helena, Arkansas. Mas por
não concordar com os métodos, filosofias e currículo da instituição, ele
decidiu que a escola não o ajudaria na prevenção da perda da vitalidade da
‘religião escrava’, por causa de sua assimilação da cultura em geral. Saiu em
1894. Foi em 1895 que conheceu Charles Price Jones, um líder nato. E sendo
Mason um dinâmico pregador, não tinha dificuldade em segui-lo. Ele se referia a
Jones, como um homem que era “doce no Espírito do Senhor, que orava muito”.
Juntos, iniciaram a Igreja de Deus em Cristo em 1897, todavia, 1895 foi ano de
acontecimentos vitais para o surgimento da igreja. Mas mudanças ainda mais
drásticas estavam por vir.
CHARLES MASON SE ENCONTRA COM WILLIAM SEYMOUR
Em 1907 Bispo Mason viajou para Los Angeles para participar um
avivamento pentecostal junto com seus companheiros. Ali, William Seymour –
também negro e filho de escravos – pregava Lucas 24:49 e Mason ficou convencido
que era essencial para ele receber o derramar do Espírito Santo. O avivamento
da Rua Azusa encontra suas raízes, no movimento da santidade, com cristãos da
igreja batista negras. Na primavera de 1905 em Los Angeles, os ministros da Segunda
Igreja Batista removeram oito famílias da membresia devido à visão sobre a
santidade. Este grupo começou a se reunir na casa de uma família negra –
família Asbery - na Rua Bonnie Brae (este local hoje é o museu da Rua Azusa e
pertence à Primeira Jurisdição do Sul da Califórnia, da Igreja de Deus em
Cristo). Este grupo mais tarde sentiu a necessidade de um pastor integral, e
William Seymour foi recomendado por uma prima da Sra. Asbery. O nível do
relacionamento entre eles cresceu a ponto de Seymour pedir conselhos para Mason
sobre seu interesse em se casar com Jennie Moore, uma linda e inteligente negra
de origem etíope; o que aconteceu numa cerimônia particular, realizada pelo
Elder Edward Lee, tenho como única testemunha a esposa de Elder Lee. Mason não
somente aconselhou positivamente o casamento de Seymour com Jennie Moore, como
antes, desencorajou o relacionamento de Seymour com Clara Lum, uma mulher
branca, editora do jornal Fé Apostólica. O que mais tarde resultou em no fim do
avivamento da Rua Azusa, pois Clara Lum se vingou de Seymour levando consigo
para Portland, os vinte e dois mailing list cuidadosamente coletadas nos quatro
anos anteriores, o que impediu a Missão da Rua Azusa expressar sua voz para
seus apoiadores ao redor do mundo.
SUA CISÃO HISTÓRICA
A nova experiência pentecostal de Mason foi trazida por ele de volta ao
Sul do Estados Unidos, como totalmente apoiada pelo Novo Testamento. Todavia,
uma divisão foi inevitável. Vista como ilusão, a glossolalia foi rejeitada por
C.P. Jones e os demais líderes da igreja ao lado de Mason, e de certa forma,
estes retiraram a “mão direita de comunhão” uma vez estendida a Mason.
Rapidamente, Mason conclamou uma assembléia com aqueles que criam na
experiência do falar em línguas, como sinal do batismo no Espírito Santo de
acordo com Atos 2:1-4. Os que apoiaram seu ensino e responderam positivamente a
convocação foram E. R. Driver, J.Bowe, R.R. Booker, R. E. Hart, W. Welsh, A. A.
Blackwell, E. M. Page, R.H. I. Clark, D. J. Young, James Brewer, Daniel
Spearman e J. H. Boone. Estes homens organizaram a primeira Assembléia Geral da
Igreja de Deus em Cristo e unanimemente escolheram o Bispo Mason como
supervisor geral e apóstolo chefe da denominação. Ele recebeu autoridade total
para estabelecer a doutrina, organizar departamentos auxiliares e nomear
supervisores. O nome “Igreja de Deus em Cristo” permaneceu com o Bispo Mason,
porque foi a ele que Deus revelou o nome baseado em I Tessalonicenses 2:14,
enquanto orava nas ruas do Arkansas em 1897.
SEU ESTRONDOSO CRESCIMENTO
Com a paixão e compromisso do Bispo Mason para com a pregação do
Evangelho da salvação, santificação e agora, poder do Espírito Santo, a igreja
cresceu de 10 congregações em 1907, para mais de doze mil congregações. Entre
1900 e 1061, Mason viu a Igreja de Deus em Cristo se tornar numa denominação
afro-americana nacional, e em grande parte urbana. Desde o seu humilde
princípio nas regiões do Rio Mississipi, os colaboradores de Mason – homens e
mulheres – viajavam para as cidades industriais do norte para evangelizar as
massas que migravam em busca de oportunidades melhores. Entre 1912 e 1914, o
Bispo Mason enviou obreiros para o Texas, Kansas, Missouri, Illinois, Ohio,
Nova Iorque, Califórnia, Michigan, etc. A expansão internacional da Igreja de
Deus em Cristo remete aos idos de 1927, quando uma convocação foi feita para
que obreiros se disponibilizassem para terras estrangeiras. A irmã Mattie
McCaulley de Tulsa, Oklahoma foi a primeira se apresentar e foi enviada para
Trinidad umas das ilhas das Índias Ocidentais. Ela também passou um tempo em
Costa Rica e então voltou para casa. A partir deste simples início, a Igreja de
Deus Cristo deu seus primeiros passos rumo à conquista que hoje conhecemos como
57 países do mundo, dentre eles, o Brasil. A igreja conta mais de 260
jurisdições espalhadas por todo mundo, tendo é claro, sua grande concentração
nos Estados Unidos da América, onde é reconhecida como a quarta maior
denominação cristã, e primeira pentecostal naquele país.
CONCLUSÃO
A história da Igreja de Deus em Cristo guarda ainda muito mais detalhes
que é impossível serem compartilhados em uma lição condensada. Há muito que se
pode ser dito sobre a influência da liderança do Bispo Charles Mason, o preço
pago no início, suas vitórias, perseguições e sua morte; muito deve ser dito
sobre o trabalho das mulheres, reconhecido como o ministério mais eficaz da
COGIC desde seu início, com a Matriarca Lizzie Robinson. Muito há para ser dito
sobre sua influência no estilo de adoração, impacto em missões, capacitação e
valorização do ser humano e vitória sobre a mentalidade escrava. Mas cremos que
a medida em que compartilhamos mais detalhes desta linda história, a Igreja de
Deus em Cristo no Brasil poderá ir muito além de onde tem chegado, tendo em
vista o legado de fé e virtude para nós deixado por tão excelentes líderes e
desbravadores do passado. Este é o tempo.
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