terça-feira, 30 de julho de 2013

REDEFININDO O MINISTÉRIO ITINERANTE


Depois do advento do polêmico e extravagante evangelista norte-americano Billy Sunday, surgiu um novo conceito acerca do ministério do Evangelista. Sunday foi pioneiro no ministério profissional de mega cruzadas que reuniam pastores e igrejas em mobilizações em que se utilizavam os modernos recursos midiáticos e elevados investimentos financeiros. Somando as altíssimas ofertas, o glamour que marcava suas cruzadas, e sua influência carismática sobre as massas, Billy Sunday se tornou um verdadeiro “astro” do evangelicalismo.
         Temos visto em nossos dias uma explosão de pregadores itinerantes, jovens fervorosos encantados com a perspectiva das multidões e da fama. E a bem da verdade, está intrínseco na própria natureza do homem este desejo por afirmação e reconhecimento, portanto, o “sonho dourado” de jovens pregadores itinerantes não deve ser frustrado por uma piedade descontextualizada e intolerante, porém, devemos sim, encontrar um modelo bíblico deste ministério de apoio à Igreja local.
         Comece indagando o seguinte: Este atual ministério itinerante como conhecemos hoje, está de acordo com a instituição e a prática dos ministérios cristãos? Que tipo de benefício efetivo o atual ministério itinerante tem promovido para o Corpo de Cristo?
         Na história da comunidade cristã dos primeiros três séculos, três classes de ministros empreendiam viagens itinerantes como pregadores oficiais da Igreja Cristã, eram eles: apóstolos, profetas e evangelistas; pastores e mestres tinham um caráter mais local, ou seja, supriam a Igreja com sua presença constante.
         Os apóstolos eram ministros pioneiros, que além estabelecerem igrejas por toda parte, edificavam-nas com seu modelo doutrinário herdado dos doze primeiros apóstolos; eram grandemente reverenciados pelos cristãos e normalmente atuavam nos demais ministérios.
         Os profetas, tal qual no Antigo Testamento, não eram ministros “do templo”, mas exortadores itinerantes que encorajavam a Igreja em momentos de desalento, além de predizerem acontecimentos sociais, políticos e religiosos.
         Este é um momento muito especial para a Igreja de Jesus Cristo. O Espírito de Deus tem restaurado a vigência dos cinco ministérios bíblicos em nossa época, especialmente o apostólico e o profético. Genuínos apóstolos têm estabelecido e alicerçado a Igreja do Senhor trazendo outra vez a harmonia da Doutrina Apostólica. E os profetas cristãos da atualidade têm contribuído para um despertar da Igreja, com suas mensagens contundentes e cheias de autoridade espiritual. Mas é outro ministério que se caracteriza pelo seu caráter intrinsecamente itinerante, o Evangelista.
         Pode-se conceber nessa dispensação um apóstolo que se fixe em uma igreja local (Sede) após ter estabelecido algumas igrejas, também não é raro vermos pastores locais atuando como profetas para sua própria congregação; porém, não é imaginável, nem nos primórdios do cristianismo, e nem na atualidade, um evangelista com ministério geograficamente fixo. O Evangelista é o genuíno pregador itinerante, e o genuíno pregador itinerante deve ser um Evangelista.
         Surge a questão: Os pregadores itinerantes da atualidade têm desenvolvido que tipo de ministério? Indago isto, pois nos parece que alguns dessa geração de itinerantes, “criaram” uma espécie de modelo alternativo de obreiro, que não parece apostólico, profético, e muito menos evangelístico. E esta discrepância diz respeito à PROPÓSITO, MENTALIDADE e MENSAGEM. Mas é a mensagem que revela com clareza o propósito e a mentalidade do pregador. A pregação de um Evangelista deve refletir um propósito sincero de expandir com altruísmo o Reino de Deus, cooperando com pastores e igrejas através de seus dons e carisma; sua pregação deve refletir também uma mentalidade madura em relação ao Reino e a Igreja de Deus.
         Ao avaliar o ministério de um pregador itinerante por sua mensagem, podemos considerar os seguintes critérios: (1) Uma mensagem entusiasta oriunda de um coração inflamado pelo Espírito Santo e pela compaixão pelas almas; (2) Uma mensagem bíblica e marcada pela consciência e concisão doutrinária; (3) Uma mensagem marcada por uma forte convicção do pecado por parte da audiência; (4) Uma mensagem agraciada pela manifestação de dons espirituais; e (5) Uma mensagem cristocêntrica (Cristo no centro) e que aponte para a obra redentora do calvário. Isto é um típico pregador itinerante nos moldes bíblicos.
         Não perca as próximas postagens sobre Evangelismo e o Ministério do Evangelista. Deus em Cristo o abençoe.

CINCO PERFIS DE EVANGELISTAS

Assim como existem diversas categorias de médicos para especialidades distintas, pneumologistas, oftalmologistas, ortopedistas... Certamente não podemos esperar que um dom ministerial dado por um Deus Criativo, seja restrito; existe uma diversidade no ministério do EVANGELISTA. Uma das coisas mais empolgantes no ministério dos evangelistas, é que cada um desses fervorosos pregadores do evangelho, possui uma característica singular, e é justamente essa singularidade ministerial que, bem administrada pela Igreja Local, renova a espiritualidade e a paixão do povo por Deus e por sua obra. Igrejas que adotam um perfil único de evangelista tendem a ficar estagnadas, pois se suprirão em um aspecto e ficarão carentes e outros.
         Gostaria de enumerar cinco ramos diferentes do ministério evangelístico que ao longo dos séculos têm trazido revitalização e entusiasmo à Igreja, são cinco “perfis” de pregadores do evangelho que precisam ser discernidos piedosa e sabiamente pelo pastor e pela igreja; são eles: (1) Evangelistas Avivalistas; (2) Evangelistas de Cura; (3) Evangelistas Pioneiros; (4) Evangelistas Proféticos; e (5) Evangelistas Pastores.

1- EVANGELISTAS AVIVALISTAS

Convencionalmente, o termo avivalista na cultura eclesiástica moderna, parece ser aplicado exclusivamente a evangelistas mais eloquentes e que operam os dons espirituais, porém, é muito mais do que isso. Ao longo dos anos, o Espírito Santo tem ungido de forma especial pregadores do evangelho que carregam em si um peso de responsabilidade com um “senso geográfico”, ou seja, estes evangelistas são comissionados com uma graça diferenciada para atrair para Deus a população de uma comunidade, uma cidade, ou até uma nação inteira. O Evangelista Avivalista é uma classe de ministro muito versátil, pois nele operam os dons de cura, o espírito pioneiro, os dons proféticos, e também habilidades pastorais. Este tipo de evangelista, portanto, é dotado de um perfil apostólico.
Como fervoroso pregador do evangelho e entusiasta visionário apostólico, o Evangelista Avivalista forma discípulos nos moldes de Jesus, com visão não meramente denominacional, mas com a perspectiva do Reino de Deus.
Nestes dois milênios de dispensação da Igreja, o Espírito Santo nos legou o privilégio de contemplar, extasiados, o ministério estrondoso de grandes avivalistas, dentre eles, vale a pena ressaltar o jovem Evan Roberts do País de Gales. Roberts, incendiado por uma vida poderosa de oração e por uma visão divina de avivamento nacional, ateou fogo em seu país. Os relatos do avivamento galês são chocantes e quase inacreditáveis do ponto de vista sociológico (ver biografia na postagem do blog: http://pastoreneasvozprofetica.blogspot.com.br/2011/07/evan-roberts-o-avivalista-gales.html).
         O evangelista avivalista tem somente um anelo e uma motivação: o reavivamento da Igreja local e o avivamento da comunidade. Assim, ele empreende esforços tanto no despertar dos crentes para uma vida espiritual mais profunda, santificada e socialmente relevante, como na salvação e conversão dos perdidos em uma área geográfica determinada por Deus.

2- EVANGELISTAS DE CURA

Este ramo de Evangelista despontou por ocasião do ministério do lendário ministro de cura Oral Roberts. Foi na década de cinquenta que estes poderosos pregadores se popularizaram, especialmente pela divulgação do famoso periódico A VOZ DA CURA nos Estados Unidos, e de grandiosas cruzadas em tendas, além disso, foram eles (em especial Oral Roberts) os pioneiros do tele-evangelismo. A ênfase da pregação e do ministério desses Evangelistas é o poder curador de Deus. Dentre as principais Doutrinas expostas por eles se destacam: a cura divina como dádiva inclusa na obra expiatória do calvário (Is 53:4-5; Mt 9:5-7); o papel fundamental da fé na ministração e recebimento da cura (Mc 10:52; At 14:9); a crença de que a cura divina é sempre a vontade de Deus (Mt 8:2-3); a cura divina mediante a simples recepção da Palavra (Sl 107:20; Lc 7:7); a crença de que é a vontade de Deus curar todas as pessoas (Mt 10:1; At 10:38). Estes Evangelistas de Cura são conhecidos por sua absoluta ira contra toda sorte de doenças e enfermidades, eles empreenderam uma fervorosa série de campanhas de avivamento, marcados pela ênfase na cura dos corpos enfermos. Evidentemente que o grande foco desse maravilhoso dom operado nestes ministros é atrair a atenção dos pecadores e convertê-los, o que se torna mais simples quando há sinais, especialmente curas (At 8:6-7; 28:8-10). Evangelistas de Cura se utilizam pelo menos quatro formas básicas para conduzir as pessoas à cura: (1) Em muitas reuniões eles ungem as pessoas doentes uma a uma lhes impondo as mãos (Mc 6:5, 13). (2) Em sua maioria, os Evangelistas de Cura “instigam” a fé das massas somente pela Pregação ou Palavra da Fé (Mt 8:16; Lc 4:36; Gl 3:5). (3) Outro meio pelo qual ondas de cura são liberadas sobre as massa, é a virtude do Espírito do Senhor Jesus que flui desses ministros ungidos (Nm 11:16-17; Lc 6:19; At 5:15-16). (4) Por fim, um meio muito comum de cura divina era através de se tocar, ou de pontos de contato com Evangelistas de Cura ungidos (Mt 14:36; Mc 3:10; 5:28; At 19:11-12).
Os Evangelistas de Cura foram também pioneiros na promoção da verdadeira vida abundante, com hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; a máxima desses pregadores é: “Deus não é responsável por nossa saúde, Ele é responsável por nossa cura”.
Dentre estes poderosos Evangelistas devemos destacar, além, é claro, do proeminente Oral Roberts, a extravagante e dramática Kathryn Kullman, uma tremenda mulher de Deus que possuía um genuíno ministério do Espírito Santo, conduzindo milhares de pessoas à curas extraordinárias apenas convidando o Espírito Santo para fazê-lo; como não falar do controverso William Brahman que se tornou o “pai” e um inspirador de uma geração de ministros curadores, inclusive de T.L. Osborn. Podemos fazer menção também de John Lake, Smith Wigglesworth, John Alexander Dowie, Maria Woodworth-Etter, A.A. Allen, Benny Hinn e outros (ver o blog A VOZ DA CURA: http://avozdacura.blogspot.com.br/). No Brasil, nomes destacados foram: Celso Lopes, Luíz Schiliró, Manuel de Melo, Davi Miranda, e uma nova geração que hoje, está operando em um nível de poder curador jamais visto.

3- EVANGELISTAS PIONEIROS

Começar do “zero”, lançar alicerces sólidos para estabelecer igrejas, consolidar frentes evangelísticas estáveis. Estes são alguns aspectos fundamentais do ministério de um Evangelista Pioneiro. O apóstolo Paulo, que aliás, é um dos mais completos evangelistas que já viveu, foi um grande pioneiro, ele pregava o evangelho em uma cidade, estabelecia uma igreja ali, discipulava por um curto espaço de tempo a liderança pastoral que assumiria em sua ausência, e depois partia para outra cidade e recomeçava o processo. Na verdade, a despeito de permanecer ou não em certo lugar para treinar obreiros, o Evangelista Pioneiro com suas poderosas e persuasivas campanhas de evangelização e avivamento, sempre deixam para trás um sem número de convertidos prontos para engressar no ceio de uma congregação (igreja) local. Uma das maiores denominações pentecostais foi fundada por um grande Evangelista Pioneiro, o Bispo Charles Harrison Mason, que incendiou o Sul dos Estados Unidos pregando o evangelho e curando os enfermos. Outro poderoso Pioneiro é o argentino Carlos Annacondia, que tem se constituído dentre os evangelistas, como o maior apoiador da igreja local no mundo; suas cruzadas de cura e libertação têm transtornado cidades, deixando milhares de almas convertidas aos cuidados dos pastores. E o que não dizer de Billy Graham, que também tem sido braço direito de pastores e líderes cristãos ao redor do mundo nas últimas décadas.
Precisamos de mais desses ministros com espírito de desbravamento e conquista de territórios. Estes são os Evangelistas Pioneiros.

4- EVANGELISTAS PROFÉTICOS

Há uma categoria de Evangelista que parece estar “acima de qualquer suspeita”, são homens veementes, inconformistas, confrontadores, e expõem como poucos ministros o fato e a realidade do Pecado humano. São os Evangelistas Proféticos, homens que parecem consumidos por um zelo divino pela alma eterna dos homens e pelo estado espiritual da Igreja. Apesar de não ter feito parte da Era da Igreja, João Batista foi o precursor do Reino de Deus, e neste sentido ele foi um anunciador das boas novas da remissão dos pecados pelo arrependimento (Marcos 1:4-5), ou seja, o profeta João Batista foi um poderoso Evangelista Profético. Suas grandes campanhas no deserto atraíam multidões de pecadores que se arrependiam e eram por ele batizados no Rio Jordão. A pregação de João Batista era incisiva e tocava em pontos nevrálgicos da religiosidade formalista e das desigualdades e decadências sociais de sua época (Lucas 3:10-14).
Estes Evangelistas estão representados em nosso século em vozes proféticas como a do saudoso e lendário Leonard Ravenhill que também incendiou corações e promoveu grandes despertares na Inglaterra, e em muitos países do mundo, seu legado de Evangelista Profético foi herdado da influência de outro grande atalaia: A.W. Tozer. Hoje em dia, estas vozes conservam este legado através do Missionário norte-americano Paul Washer, que tem causado grande impacto com sua pregação cristocêntrica e repleta de penetrantes denúncias contra o atual estado da Igreja nos EUA e no mundo.
Tais pregadores não podem jamais se calar, pois eles conservam o equilíbrio e a proclamação do amor e do juízo de Deus. (ver blog: http://oprofetico.blogspot.com.br/)
Os Evangelistas Proféticos estão em plena atividade.

5- EVANGELISTAS PASTORES

A chamada da grande comissão é abrangente, ou seja, não diz respeito apenas a pregar, mas também a discipular os novos convertidos, ensinando-os na doutrina dos apóstolos. Jesus disse: “...Ide por todo o mundo, pregai o evangelho...” (Marcos 16:15) e “...ide, ensinai todas as nações...”. A pregação e o ensino são coisas absolutamente distintas, aliás, Jesus possuía o tríplice ministério do Evangelista: Ensinar, Pregar e Curar. “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.” Perceba que ensinar possui um caráter mais interno, ou seja, restrito a algum ambiente religioso (sinagogas), já pregar tem um caráter mais externo (nas vilas ao ar livre). Ambos são importantes, mas são os pastores que possuem mais habilidades e talentos espirituais para o ministério “indoor”. Há, no entanto, uma classe de evangelista que tanto prega o evangelho em cruzadas e campanhas fora do âmbito congregacional (templo), como ensina dentro do mesmo. Eles possuem uma capacidade de serem pastores, porém fazendo a obra de evangelistas. O apóstolo Paulo exortou ao jovem pastor da Igreja em Éfeso, Timóteo: “...faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” (II Timóteo 4:5).
Nossa geração tem sido marcada pelo surgimento do fenômeno da “mega-igreja”, que parece positivo para uns e negativo para outros, porém, diga-se a verdade: os pastores dessas mega-igrejas se tornaram influentes e poderosos Evangelistas Pastores, que têm empreendido estratégias arrojadas e visionárias na difusão do Evangelho do Reino, penetrando em seguimentos da sociedade outrora alheios à realidade da Igreja, como o entretenimento, a comunicação e a mídia. Dentre estes grandes Evangelistas Pastores destacam-se o famoso pastor sul-coreano David Young Sho, idealizador da igreja em células e líder da maior igreja do mundo. E o nome mais eminente da atualidade o Pastor midiático TD Jakes.
Estes ministros polivalentes têm sido usados por Deus para trazer grande crescimento ao corpo de Cristo e expansão ao Reino de Deus.

         Evidentemente que existem “subclasses” de evangelistas no corpo de Cristo, a diversidade de temperamentos, personalidades e dons propicia isto. Os Evangelistas supracitados não obstante praticarem o evangelismo pessoal esporadicamente, são mais efetivos e eficazes na comunicação em massa, enquanto outros parecem ser mais frutíferos na evangelização de pessoa por pessoa. Sejamos, porém francos, não é sábio um ou outro tipo de proclamador do Evangelho se declarar maior ou mais nobre por praticar uma faceta de evangelismo em grupos de rua, nas casas, por cartas, telefone, individualmente ou em massa. O ide é para todos, mas o ministério público não!

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